quarta-feira, 29 de julho de 2009

mútuo


cabe a mim saber que eu posso dar passos largos a medida em que eu seguro mais firme em teu braço. cabe a ti saber que eu seguro esse braço com força para que eu venha a me sentir seguro o suficiente em passos cada vez mais largos. confiar e ser confiável. dar e receber sem saber nem mesmo o porquê. tudo azul.

domingo, 19 de julho de 2009

leveza


dias distantes de tudo que sou
perto de tudo que posso vir a ser
silêncio, calado, velado, suado
momentos onde a voz mais alta
era também a mais calada

dia mais perto do que será
longe de algo que já não é mais igual
leveza, melódica, paranóica, quase melancólica...
são horas sem voz nenhuma
e outros gritos que ecoam

dos próximos dias eu não quero dizer
deixa levar, deixa ser
chova tudo o que tiver que chover.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

um tiro no escuro


por um instante eu tive medo. depois de um dia decisivo eu tive medo. durante todo ele, as horas me passavam apenas ásperas, sem me provocar maiores danos. o pior (ou melhor) viria com o entrar da noite. em meio a tantos eu, tu, eles, nós, vós e eles, eu percebi que se tratavam de 24h atípicas, e por serem atípicas elas seriam horas e horas e horas... quanta coisa a ser dita e quanto silêncio velado. mil coisas que resolvem acontecer num mesmo dado momento histórico (ou astrológico). cansei, eu sei que cansei mas não posso cansar. o tempo parece ser favorável, ao memso tempo que é um imenso pesar, largar, deixar ser, deixar de ser... atitudes um tanto paradoxais que não me deixam raciocinar sem ao menos sentir uma dor miúda.

entrar num outro foco ajuda, faz você esquecer que o foco real foi deixado pra trás, que as coisas que agora te importam, não serão as mesmas dos próximos 5 dias. fluidez de rio, imensidão de mar. não, não quero me afogar... quero aprender a nadar como alguém que pela primeira vez é lançado na água escura (ou vazia). doce e salgada. primeira experiência marcante com algo que já me deixou tantas marcas. eu quero o novo. quero um outro novo que não aquele, que se diz muito parecido com o que hoje voga, com o que hoje me faz escrever palavras tão confusas até pra mim que as escrevo.

penso no vento do litoral em que em breve eu vou pisar. sinto ele e cada parte dele passando pelo meu rosto apático de tanto existir (ou fingir). sonho com as cores vivas das pessoas rodando sem parar porque rodar faz a vida parecer um pouco menos maluca. e um tanto menos doída. eu quero a alegria e o beijo doce da alegria de estar feliz sem saber o porquê. chega... eu não quero mais. isso chega e já não vai mais. pra bem longe de mim com toda essa sensação de existir(ou fluir).

quarta-feira, 8 de julho de 2009

construção


Eu vi nos búzios, nas runas, nas cartas do tarot, que a lua cheia ia chegar. E com ela, um novo momento começaria. Muita baboseira astrológica, talvez, mas eu acredito que algo nisso tudo faz sentido. são astros e corpos celestes que estão acima de nós e que de nós eles podem ver tudo. Sim, ele vêem, por quê não? Nos observam com olhos ávidos de curiosidade para saber qual o nosso próprio passo, onde que vacilaremos e onde que faremos valer essa merda chamada vida. O inferno é aqui, não há papa que me faça crer no contrário. Já o céu, o paraíso, o que vem depois... isso ai eu já não sei. É tudo muito surreal preu colocar em meras palavras como essas. A vida é surreal e muitas vezes, por isso, não faz sentido nenhum viver. A gente nunca sabe o que esperar... mas sabe que espera e por isso viver nos faz tanto sentido. Cada passo tomado é um passo dado num caminho sem volta, sem retorno, mas com estradas em espiral que às vezes parecem passar pelo mesmo lugar. Quando percebemos que nós é que não somos os mesmos no meio de tantos lugares iguais. Eu já não sinto a mesma coisa que senti ontem quando caminhava nessa calçada até a banca, onde todo dia eu compro meu cigarro. O cigarro que fumei no caminho de volta, não tem o mesmo gosto do que eu fumei ontem, enquanto via algumas revistas expostas sem nenhuma ordem de importância. Tudo tem um gosto como nada teve antes. Cada segundo respirado não tem o mesmo ar que respiramos há segundos atrás. O caminho pode até parecer o mesmo, mas o andarilho sempre é outro. Modificado pela menor das coisas, pela pessoa que te deixou passar na frente dentro do ônibus, ou por aquela que você trancou no trânsito. Cada coisa tem seu peso, seu valor... e o seu lugar de tijolo na parede que chamamos alma.