domingo, 2 de agosto de 2009

kaleidoscope











os olhos fechados, os braços apertados, as costas grandes, o silêncio do mundo, as pessoas ao redor. a felicidade repentina, o gosto do cigarro fumado, a mente tranquila, a vida que segue, o sentimento que surge. a cerveja gelada, o abraço retribuído, todo o resto acontecendo, lá fora e aqui dentro também.

não falar nessas horas me parece muito mais favorável do que te dizer um milhão de palavras. coisas que não podem ser ditas são melhores de serem sentidas. como se houvesse um segredo velado entre as duas partes. um silêncio que só é quebrado por um beijo que não esperou muito para acontecer. chegou na hora em que não se espera nada da vida, a não ser que ela seja viva. viva como uma melodia que toca ao fundo dando ritmo aos acontecimentos mais recentes. não me seguro em lugar nenhum, a não ser o chão que apara meu corpo leve.

não, eu não quero entender nada. eu não quero que ninguém me explique e nem que me diga que já estava tudo escrito. quero escrever minha história como se fosse o dono de toda essa criação.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

mútuo


cabe a mim saber que eu posso dar passos largos a medida em que eu seguro mais firme em teu braço. cabe a ti saber que eu seguro esse braço com força para que eu venha a me sentir seguro o suficiente em passos cada vez mais largos. confiar e ser confiável. dar e receber sem saber nem mesmo o porquê. tudo azul.

domingo, 19 de julho de 2009

leveza


dias distantes de tudo que sou
perto de tudo que posso vir a ser
silêncio, calado, velado, suado
momentos onde a voz mais alta
era também a mais calada

dia mais perto do que será
longe de algo que já não é mais igual
leveza, melódica, paranóica, quase melancólica...
são horas sem voz nenhuma
e outros gritos que ecoam

dos próximos dias eu não quero dizer
deixa levar, deixa ser
chova tudo o que tiver que chover.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

um tiro no escuro


por um instante eu tive medo. depois de um dia decisivo eu tive medo. durante todo ele, as horas me passavam apenas ásperas, sem me provocar maiores danos. o pior (ou melhor) viria com o entrar da noite. em meio a tantos eu, tu, eles, nós, vós e eles, eu percebi que se tratavam de 24h atípicas, e por serem atípicas elas seriam horas e horas e horas... quanta coisa a ser dita e quanto silêncio velado. mil coisas que resolvem acontecer num mesmo dado momento histórico (ou astrológico). cansei, eu sei que cansei mas não posso cansar. o tempo parece ser favorável, ao memso tempo que é um imenso pesar, largar, deixar ser, deixar de ser... atitudes um tanto paradoxais que não me deixam raciocinar sem ao menos sentir uma dor miúda.

entrar num outro foco ajuda, faz você esquecer que o foco real foi deixado pra trás, que as coisas que agora te importam, não serão as mesmas dos próximos 5 dias. fluidez de rio, imensidão de mar. não, não quero me afogar... quero aprender a nadar como alguém que pela primeira vez é lançado na água escura (ou vazia). doce e salgada. primeira experiência marcante com algo que já me deixou tantas marcas. eu quero o novo. quero um outro novo que não aquele, que se diz muito parecido com o que hoje voga, com o que hoje me faz escrever palavras tão confusas até pra mim que as escrevo.

penso no vento do litoral em que em breve eu vou pisar. sinto ele e cada parte dele passando pelo meu rosto apático de tanto existir (ou fingir). sonho com as cores vivas das pessoas rodando sem parar porque rodar faz a vida parecer um pouco menos maluca. e um tanto menos doída. eu quero a alegria e o beijo doce da alegria de estar feliz sem saber o porquê. chega... eu não quero mais. isso chega e já não vai mais. pra bem longe de mim com toda essa sensação de existir(ou fluir).

quarta-feira, 8 de julho de 2009

construção


Eu vi nos búzios, nas runas, nas cartas do tarot, que a lua cheia ia chegar. E com ela, um novo momento começaria. Muita baboseira astrológica, talvez, mas eu acredito que algo nisso tudo faz sentido. são astros e corpos celestes que estão acima de nós e que de nós eles podem ver tudo. Sim, ele vêem, por quê não? Nos observam com olhos ávidos de curiosidade para saber qual o nosso próprio passo, onde que vacilaremos e onde que faremos valer essa merda chamada vida. O inferno é aqui, não há papa que me faça crer no contrário. Já o céu, o paraíso, o que vem depois... isso ai eu já não sei. É tudo muito surreal preu colocar em meras palavras como essas. A vida é surreal e muitas vezes, por isso, não faz sentido nenhum viver. A gente nunca sabe o que esperar... mas sabe que espera e por isso viver nos faz tanto sentido. Cada passo tomado é um passo dado num caminho sem volta, sem retorno, mas com estradas em espiral que às vezes parecem passar pelo mesmo lugar. Quando percebemos que nós é que não somos os mesmos no meio de tantos lugares iguais. Eu já não sinto a mesma coisa que senti ontem quando caminhava nessa calçada até a banca, onde todo dia eu compro meu cigarro. O cigarro que fumei no caminho de volta, não tem o mesmo gosto do que eu fumei ontem, enquanto via algumas revistas expostas sem nenhuma ordem de importância. Tudo tem um gosto como nada teve antes. Cada segundo respirado não tem o mesmo ar que respiramos há segundos atrás. O caminho pode até parecer o mesmo, mas o andarilho sempre é outro. Modificado pela menor das coisas, pela pessoa que te deixou passar na frente dentro do ônibus, ou por aquela que você trancou no trânsito. Cada coisa tem seu peso, seu valor... e o seu lugar de tijolo na parede que chamamos alma.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

primeiro olhar no espelho



hoje eu quero poder acordar tranquilo sem sentir aquele peso no peito me torturando sem cessar. quero poder fazer o que eu não havia programado e também aquilo que eu nunca pensei em fazer. voar, atravessar paredes, dizer palavras que nunca digo e quem sabe te ligar. quero poder fazer tudo isso sem precisar dizer o porquê. agir por motivos me cansa... isso pode significar irresponsabilidade ou até memso uma falta de bom senso. mas é apenas um casaço da realidade a minha volta. sabe quando você cansa das coisas? isso acontece sempre comigo... socialmente falando, pode soar até feio... ser imprevisível e efêmero assusta a quem está em busca de valores sólidos. não é bem por ai... tudo bem que aqui sou eu falando por mim mesmo e pelas minhas atitudes às vezes mal interpretadas, mas é a mais pura verdade. se um dia eu não for mais o mesmo que eu já fui, é porque cansei. mudar pra mim não é problema. mas sim, solução. quem tem medo de mudança que nem nasça. porque viver é sempre esse mistério novo a cada dia, a cada ciclo, a cada morte e renascimento diário dos nossos mais íntimos pensamentos e pesares. viver nada mais é do que saber a hora certa de nascer após uma morte parcial e mais nociva que qualquer outra que você possa vir a sentir. porque essa morte não é física... então você continuará vivendo depois que ela passar, porque ela passa, tenha certeza que ela passa. e quando ela passar, quando o processo de mudança passar, quando você for efêmero e da noite pro dia (porque isso acontece da noite pro dia, só não sei a conta exata dessas noites e dias) acordar sem essa angústia mortal no peito, você mudou. e nasceu. para que uma nova vida recomece a partir do que você é agora.
tem que ser esperto para captar as chances de vida em meio a tantas mortes diárias.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

blue monday


fez-se sombra no momento em que aconteceu. era noite e fez-se sombra como num meio dia dos mais quentes já registrados pela meteorologia. foram no máximo cinco minutos , ou vinte palavras trocadas. alguns silêncios intercalados, o bastante para me deixar discrente que poderia ter sido um bom encontro. foi estranho... apesar do toque na mão, da troca de olhares agora mais frequente do que na época em que eu te conheci. foi estranho te ver rapidamente e tentar roubar-te alguns rápidos beijos, pautados pela sua timidez que me encanta. eu queria ter tido mais... mais cinco minutos com você, mais vinte palavras pra você, mais alguns silêncios seus e beijos roubados meus. eu acho que não seria muito querer um pouco mais do que tive hoje, quando o que realmente quero ainda não me pôde ser dado. eu entendo... já te disse que entendo. mas não me peça para parar de sentir. seria como se eu simplesmente arrancasse uma semente de algo que ainda não germinou. mesmo que ela morra soterrada e com falta de água, não acho justo eu simplesmente me castrar assim tão breve. logo eu, que sempre digo aos outros pra acreditarem, pra fazerem o que sentem, pra não darem tanto ouvido assim à maldita razão... logo eu preciso agora parar tudo e ouvir a minha dizendo que eu estou equivocado.

alguém me diz o porquê do ser humano ser tão humano?

domingo, 21 de junho de 2009

vertigem

horas de muita loucura, momentos de intensos prazeres. não, eu não estou falando de mim, eu falo apenas do que vivo. apenas do que acho que eu sei e posso falar a respeito. não me meto a falar daquilo que não me cabe. só sei que foram horas de muita loucura. o riso solto, o passo leve, a vista turva, o frio quente. alguém está com calor? eu tenho na risada uma resposta pra minha própria pergunta. é assim. a gente pergunta aquilo que, na maioria das vezes, já possui uma resposta bem possível. e como toda e qualquer resposta ele pode estar certa ou errada, completa ou incompleta, plausível ou não... não, eu não estou ficando louco. eu disse que foram horas de muita loucura, em momento nenhum me referi ao meu estado mental, que pode ser considerado por alguns não muito saudável, mas pelo qual eu não trocaria nada! os momentos que eram loucos. o ar que eu respirava que era louco. o copo do qual bebia é que estava completamente louco. era um pouco de loucura espalhado em cada pedaço de realidade que compunha a cena. era uma loucura enebriante, quase sedutora. faltou pouco pra não me deixar render. era mais forte... eu sempre me sinto fraco quando o assunto é loucura. nunca consigo ser forte o suficiente para ser o que eles chamam de normal. isso é ruim? talvez, sim... mas prefiro acreditar na loucura. ser normal me cansa...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

vício


foi quando eu percebi que a vontade irá sempre existir. e que precisa existir, em contra partida, uma determinada consciência de que eu tenho controle sobre as minhas atitudes. muitas vezes eu te quero mesmo sem entender bem o porquê daquilo, portanto, chega uma hora, em que eu não páro mais nem pra me questionar: como assim? será mesmo necessário? será que não consigo ficar sem você? o que eu posso fazer agora que penso em não te querer mais? é muita dúvida e ao mesmo tempo uma certeza quase que inata, quase que inconsciente de que eu, por algum motivo, mesmo sem saber exatamente o qual, eu preciso de você. provoca uma ansiedade que me vem junto com um suor nas mãos, um calafrio musical e um pensamento incessante. um pensamento que é você, que é você por inteiro. percebo que você me é todo pensamento. e isso parece matar. mas não mata. você não mata.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

house of cards



pois tem dias que a gente é da gente
que pensa na gente o tempo todo
tem dias que a gente nem pensa
e dias que pensam na gente.

tem muita gente aqui, ali, em qualquer lugar
tem gente dentro de mim e de você também.

se não houvesse a gente
o que seria de nós, não é mesmo?!